sábado, 2 de outubro de 2010

CHORO

Eu sou um Galdino...
Um Callado.
Sou um Kallut!!!
Um Viriato.

Meu instrumento pra mim...
é minh'alma.

Meu Quintal é minha expressão.

E isso me livra de maiores explicações... ou não.

Toco tudo o que ouço
Mas... minh'alma não.
Ela... ?
Só toca Choro!!!

Rubinho - da série "Elocubrações passadas alimpo"
 

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Lapa, Casa da cachaça e arredores

Fui morar na Lapa em 2002, ali na Av. Gomes Freire 788 - 910, Edificio Gomes Freire. Bem no ponto pra Santa Tereza. Porém frequento aquele quadrilátero desde 1998. Fui algumas vezes na roda do Lavradio 100 ás quartas feiras, lá que conheci Paulão 7 cordas, Camunguelo, Galloti, Luis Felipe, Walter Alfaiate, Ronaldo, Wilson Moreira, A tuirma do Dobrando a esquina, Rubinho Jacobina, Moacir Luz... Estudei nos primeiros anos da Oficina de Choro na UFRJ com Mauricio Carrilho, Luciana Rabello, Pedro Amorim, Jorginho do Pandeiro, Altamiro Carrilho, Álvaro Carrilho, Celsinho, Rui Alvim, Paulo e Pedro Aragão ... Conheci e toquei no finalzinho do Arco da Velha, embaixo dos arcos. Vi o Semente abrir, o Carioca da gema, o renascer do Clube dos Democráticos, vi o carnaval de rua esquentar e melhorar a cada ano, Fui nas rodas que sempre rolavam no Sobrenatural, Frequentei muito a roda de terça-feira do Bip Bip, só não peguei o tempo de Mandrake em botafogo, mas vi toda transformação da Lapa no que ela é hoje.
Agora nada me foi tão fascinante como conhecer "Seu Osvaldo" e sua Casa da Cachaça.


Foi um achado. Um delírio. Uma fantasia. A Casa da Cachaça é a primeira vendinha do centro do Rio de Janeiro a usar esse nome e ter uma dedicação tão nobre. Vender cachaça Boa. É um buraquinho na Mem de sá, escondido ali no Largo do Bonde(hoje chamado Praça João Pessoa, fica entre a Mem de Sá e a AV. Gomes Freire). Ponto famoso por ser ponto final de bondes esse espaço tem mil histórias que aos poucos vou contar aqui. Agora a descoberta daquele Oásis Mineiro ali embaixo de casa mudou tudo. Foi um aprendizado, um sorver de conhecimentos, de estórias causos e muita cana, lógico. Foram muitas provas, muitas manhãs, tardes e noites aprendendo com o povo da "Casa".


domingo, 29 de agosto de 2010

Meu mais recente release

Rúben Pereira - Rubinho

Musico, Pesquisador de Música Popular e Memória Regional, Diretor de Departamento Histórico da Sociedade Musical Nova Aurora, integrante do Coletivo Só Pra Moer, Presidente da Associação Civil(OSCIP) USINA de Fomento Cultural, Idealizador e Diretor Artístico do Festival Cultural Benedicto Lacerda e Diretor Cultural da AABB Macaé.

Neto do poeta, memorialista e bibliotecário Ruben de Almeida Pereira e do antigo comerciante macaense Cláudio Gonçalves, filho do funcionário público, ex-vereador e grande batalhador por Macaé nos anos 80 Rubem Almeida e de Lelene Gonçalves, Rubinho, como é mais conhecido, é violonista, compositor, professor de violão, poeta, contista, um pesquisador incansável da música popular do Brasil, um sincero "fuçador" dos arquivos mais remotos, um fomentador da memória social e cultural. Aluno de grandes mestres da Música Popular do Brasil como Mauricio Carrilho, Dino 7 cordas e Luis Otávio Braga. Profundo conhecedor da história de Macaé e região. Um dos criadores da Roda Rio de Choro que acontece em Rio das Ostras na Praça á beira mar domingo sim domingo não há mais de um ano, morador da Lapa carioca de 2001 a 2008 participou de toda transformação que o bairro tem passado nesses últimos anos.

Atualmente Rúben Pereira, ou como o próprio prefere Rubinho, está de volta a sua terra natal e dá continuidade a sua batalha acerca da memória da cidade trazendo á tona nomes como Benedicto Lacerda, Viriato, Seth, Figueiredo Pimentel, Luiz Barbosa, Hindemburgo Olive, Tonito, Jean de Léry e muitos outros que habitam seu binóculo vasto de pesquisa.

Com o Coletivo Só Pra Moer tem tocado por toda região de Macaé com enorme sucesso mostrando um repertório que passa a limpo músicas de Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Ernesto Nazareth, Viriato, Benedicto Lacerda, Paulinho da viola, Cartola, Baden Powell, Vinicius de Moraes além de composições próprias de integrantes do Coletivo.

Como Idealizador e Diretor Artístico do Festival Cultural Benedicto Lacerda realizou 3 edições do Festival nos anos 2008, 2009 e 2010 trazendo a Macaé nomes como Zé da Velha e Silvério Pontes, Época de Ouro e Sérgio Cabral, Galo Preto, Mauricio Carrilho Sexteto e fomentando os grupos da região como Palafta, Bico da Coruja, Nova Aurora, Lyra dos Conspiradores, Zé Rangel, Coletivo Só Pra Moer, Regra 3, Lene Moraes, 2x4, Lita Lopes, Thaís Macedo, As Seresteiras, Atlantico, Os Matutos de Cordeiro, Jorge Benzê, e Camerata Petrobras.

Recentemente firmou uma parceria de seu grupo Coletico Só Pra Moer com a Associação Atlética Banco do Brasil - AABB Macaé para fomento das atividades culturais, levando para o clube a Usina de Fomento Cultural para ser parceira e tornando-se, após convite do Presidente Leobino Ribeiro, diretor cultural do clube.

AIC assessoria

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Casarios, tempo, tempo, tempo, tempo...

Ai a lua!!!
Fui andando pela cidade
sentindo o arrepio que é isso tudo hoje.
Senti cheiro de môfo, de tudo vazio... passei por cheiros de clóro,
e claro, muitos outros inodóros que expandem-se pelo espaço.
Sangrei com os casarios, rolei tal como Crubixais pelas esquinas, enfim, chorei...
Chorei ao ver a depreciação, a rua direita com vergonha de ser quem é.
A rua da estação risonha só na espreita de voltar aos holofotes e a rua da praia tá com uma cara triste e pesada de dar dó.
É triste, é pesado... mas é verdade.
Ai a lua!!!
A cidade andou
já nem dá pra sentir
mas a vida aqui já foi muito calma.
Casarios estão por aí pra provar... São varandões espraiados em volta das casas,
muito quintal, casas simples, janelas bem resolvidas, num fim de tarde era certo...
Lá estavam as cadeiras na beira da calçada.
Ah tempo, tempo, tempo, tempo... E eu não sou tão pouco novo asssim.

Rubinho - da série "Elocubrações passadas à limpo"

Luz, frestas, descobertas e Multidões

Olho por entre a concha de minhas mãos.
Faz frio mas o sol vai alto.
Tento olhar mas a poeira...
Vento não há, mas a poeira...
Depois de tanta fumaça e som vindo em minha direção começo a vislumbrar um tirano.
Um tirano em uma égua e por detrás dele uma boiada que nem cabe na vista.
Ao me ver o tirano oferece água, quer saber da "tenda do "Seu", tá doido por um "coice de mula", uma cachacinha...
Com três rodadas pra lá e pra cá do alto de seu "ginetão" ele pára o rebanho, deixa todos animais iguais "estáuta", paradinhos...
Falo em "nhô bento" e seus olhos babam ao saber que por ali há boa cana. De repente ele grita:
"ôôôôÔÔÔÔôô boi" e respira fundo a buscar mais ar e lá do fundo tira novo grito: "ÊêÊÊÊêêêê boiada rrhaaaiii!!!" E lá se vai com toda boiada a o acompanhar.
Mais tarde Nhô Bento dando um trago me falou que eu tinha acabado de ouvir um autêntico "aboio".

Rubinho - Da série "Direto do Barro do chão"

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Poesias, fitas, amoreiras e sombras

Tudo retumba.
Os olhos já nem enxergam,
Lacrimejam.
A alma se põe em posição fetal,
O corpo adormece...
Ao longe viola relampeia,
passos no barro ficam cada vez mais presentes,
o tilintar de um sino de som ôco já me toma os ouvidos e...
Quando abro os olhos vejo um grupo com fitas, chapéus, violões,
Roupas muito simples e coloridas, uma sanfona, um cavaquinho, um monstro a que eles chamam "palhaço"...
São os Foliões... É a folia de reis...
Nobres vates a nos visitar.

Rubinho - Da série "Direto do Barro do chão"

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Cidadão sim e com muito orgulho!

Quando me perguntam qual é a minha intenção com tanta preocupação com a memória local e regional eu logo respondo que é antes de mais nada meu grito de cidadão, é meu quintal aí em jogo. Mas deixo também muito claro que é um movimento puramente de sociedade civil. Engraçado mas é estranho para muitos que um jovem queira atuar como protagonista de sua cidadania. É engraçado e estranho mas serve pra nos mostra o quão está defeito o fator cidadão, a atuação na comunidade sem esperar nenhum bônus político. Também todos agentes da comunidade que apareceram nas últimas décadas se locupletaram com os "podres políticos" e tornaram-se mais um entre a "corja de safados que estão destruindo nossa região".
Sou cidadão, Sou Musico, Sou Sociedade civil e com muito orgulho. 

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Benedicto (2)

O jovem Benedicto progredia de maneira mágica no manuseio da flauta. Continuava com sua "flautinha de flandres" mas já tinha plenas condições de amançar a Flauta transversa e "todas aquelas chaves". Tocando com os maiores bambas da Cidade Nova, Aldeia Campista, Praça Onze, Centro, Estácio e arredores, Benedicto já chamava atenção pelo talento. Podia ser numa batucada, na "capoeiragem das maltas", num terreiro ou nos choros. Não tinha pra ninguém o menino tava botando todos no bolso.


Em 1917 Benedicto contava 14 anos quando foi lançado o primeiro "Samba Carnavalesco". Era a turma da casa da Tia Ciata, ali na "pequena África" na Praça 11, perto do Estácio, que num arroubo festivo de criação havia trazido ao mundo aquela costura de motivos folclóricos.

Era o nascimento do famoso "Pelo Telefone".Quem registrou na Biblioteca Nacional foi Donga. Depois apareceu outro compositor, um jornalista que tinha o apelido de "peru dos pés frios", seu nome: Mauro de Almeida. Hoje sabemos que o "Pelo Telefone" não foi o primeiro samba gravado no Brasil. O catálogo de Fred Figner da Casa Edson mostra alguns sambas gravados bem antes pela gravadora carioca. Mas estava lançado o Samba, e, pro mundo fonográfico iniciava ali a febre da música para o Carnaval. O jovem Benedicto tomava parte em todos ambientes de música que podia e isso o foi dando uma visão abrangente da música que se fazia por ali. Num momento tocava no terreiro de candomblé, em outro estava a acompanhar batuques, chulas, partidos, mais tarde era visto na sala de uma família a tocar choros, canções e muitas valsas. Essa foi a grande "escola" de Benedicto Lacerda, o espaço urbano, familiar e sua necessidade de ser e fazer feliz.

Após o lançamento do "Pelo Telefone" o termo Samba tomou conta da cidade do Rio de Janeiro. Mas esse "Samba" da turma da Tia Ciata, Donga e companhia era na verdade um recorte de motivos folclóricos embalados pelo carioquíssimo ritmo do Maxixe. Esses motivos folclóricos foram os primeiros "passarinhos" aprezados por compositores como Donga e Sinhô. Sinhô tinha uma máxima: "Samba e passarinho são a mesma coisa. É de quem pegar primeiro." E dá-lhe alçapão pra cima da moçada.


O Maxixe é um ritmo nascido da necessidade do músico popular Carioca de adequar o ritmo do acompanhamento da Pólka ao jeito de dançar do povo dos bailaricos e arrepiados nas plantações de maxixe na Cidade Nova, Morro do Nheco... Sucesso estrondoso entre o povão, mas excomungado pelas "famílias" de então o Maxixe e sua dança mais que sensual se esconderam sob vários nomes, inclusive o de tango, para não ser banido. O Maxixe surgiu por volta de 1883 e em 1917 estava ali escondido pulsando na gravação daquele que se arvorou dizer ser o primeiro "Samba" gravado.

Benedicto Lacerda vivenciava tanto esse "samba carnavalesco amaxixado" dos filhos da "pequena áfrica" como também convivia com os futuros estilistas do Samba assim como o conhecemos hoje. Edgar, Mano Rubens, Bide, Marçal,Ismael Silva, Nilton Bastos... Era a Turma do Estácio. E o Estácio era área de Benedicto. Fundadores da primeira Escola de Samba, a Deixa Falar, esses amigos, parceiros juntos de Benedicto foram quem muniram o samba com Surdo(Invanção de Bide), tamborim e Cuíca e assim afirmaram a indentidade rítmica que o Samba iria carregar por toda sua trajetória.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Benedicto (01)

No dia 14 de março de 1903 nascia em Macaé, numa pequenina casa da Rua São João, o menino Benedicto. Filho de D. Maria Lousada, mãe solteira (coisa que pra época era uma afronta). Imagina a luta dessa mulher pra ter seu filho no seio de uma sociedade tão preconceituosa. Pois ela venceu. Teve seu filho e o batizou em homenagem a São Benedicto, detentor de uma Irmandade muito atuante na Igreja São João Batista em macaé, que muito a ajudou e que por sinal ficava na rua onde Benedicto nasceu.


                                                  Aquarela de Hindemburgo Olive

As dificuldades, que já eram imensas pra D. Maria Lousada e o menino Benedicto foram se agravando a ponto dela ter que se mudar pra Capital Federal em busca de mais oportunidades de trabalho.
O Rio de Janeiro tinha se "civilizado" conforme palavras de um célebre jornalista da época, o macaense Figeuiredo Pimentel. O Prefeito Pereira Passos remodelava a cidade e as noticias que chegavam eram de muitas oportunidades pra trabalhar, ainda mais em casa de família como doméstica, lavadeira... que eram as ambições de D. Maria.
Em Macaé morando na Rua São João o menino Benedicto descobriu a música ouvindo ao longe os ensaios constatantes da Sociedade Musical Nova Aurora.

        Sede da Sociedade Musical Nova Aurora em Macaé - fundada em 1873

A Banda participava de muitos eventos da cidade e Benedicto desde pequenino enchia seus olhos ao ver a banda passar tocando belos Dobrados, Hinos e Polcas. Essa memória fez com que Benedicto muitos anos depois já famoso ao visitar Macaé deixar escrito no livro de atas da Nova Aurora: "A minha Nova Aurora querida, inspiradora direta de minha arte deixo aqui meu coração pro resto da vida".

O fogo da Música já tinha tomado o menino Benedicto quando ele chegou com sua mãe na Capital Federal, Rio de janeiro. Os filhos de Benedicto contam que o pai sempre teve muito vivo na memória os tempos de criança em Macaé, na rua São João, na beira do Rio Macaé, na Imbetiba e mais ainda se lembrava das retretas que ouvira com as Bandas de Macaé na praça, Lyra dos Conspiradores e, especialmente, a Nova Aurora, Banda pela qual nutria especial paixão.

Fotos do Mercado de Peixe e Tílpures puxados a tração animal em Macaé 1906-1910  


Praia de Imbetiba anos 20-30 e arredores do Mercado de Peixes


A chegada ao Rio de Janeiro e principalmente ao Bairro do Estácio também marcou muito Benedicto. A luta de sua mãe, o Morro da Mangueira, os botequins cheio de música, as Bandas das fábricas, as ruas Salvador de Sá, Rua Maia Lacerda, o Morro do São Carlos, São Cristóvão, Cidade Nova...


Roda de Choro - Ilustração de Seth e Grupo de Chorões reunidos numa Festa Junina

menino que andava se arrastando por conta de uma desnutrição nunca se esqueceu do prato de comida tão generoso que aos 8 anos comeu, ainda com as mãos, na casa de uma Família onde sua mãe arrumara emprego. Era o primeiro prato completo com carne,arroz, feijão, salada... Benedicto guardava isso tão vivo na memória que anos mais tarde, já Benedicto Lacerda, ao saber que a senhora da tal família passava por séria dificuldade financeira passou a ajuda-la com uma
espécie de pensão mensal como sinal
de gratidão por tudo que fez por ele e sua mãe em sua chegada ao Rio de Janeiro.
D. Maria, mãe de Benedicto, trabalhava em casa de Família e ainda lavava roupa pras madames da Tijuca e São Cristóvão. Benedicto de calças curtas e começando a ganhar força foi aos poucos descobrindo os arredores do Estácio com seus Chorões respeitados, malandros arraigados e muita música nos Coretos, Fábricas, Corporações Militares, butiquins, na Rua... Conta-se que o pequeno Benedicto improvisara uma flautinha de Flandres e ficava o dia inteiro no encalço da mãe soprando e fazendo muita arte. Brincadeira de criança. Até que descobriu que podia tocar tudo que ouvia por aí na flautinha: Canções, Valsas, Choros, polcas, maxixes...

O menino Benedicto estava tomado pela música e aos poucos descobria que a região do Estácio, onde fora morar, era reduto de muitos bambas em matéria de música popular. Muitos meninos como ele, de calças curtas, estudavam instrumentos musicais com grandes mestres de instrumentos como: Cavaquinho, violão, Flauta, Saxofone, Trompete, Trombone... Enfim, os instrumentos das bandas de música e os da tradição do Choro.

O Choro apareceu no Rio de Janeiro por volta de 1870 como uma forma de tocar o repertório europeu de polkas, valsas, quadrilhas, schottisch, tangos e habaneras que viera para cá com a presença da corte de D. João no Rio de Janeiro a partir de 1808.


Henrique Alves de Mesquita/Joaquim da Silva Callado/Viriato Figueira da Silva    

 Musicos fabulosos como Henrique Alves de Mesquita, Joaquim Callado, Viriato Figueira da Silva, Chiquinha Gonzaga e muitos outros tocadores de Offcleide, Tuba, Clarineta, requinta, etc... foram os artífices da criação do Choro como um gênero. Em 1900 o Choro já estava espalhado por todo Brasil graças as Bandas de música militares que foram pra guerra do Paraguai e vindas de todo território Brasileiro, congregava muitos dos musicos envolvidos com aquele novo jeito de tocar e com o repertório que nascia a partir dali. Ao voltarem da guerra pros seus estados de origem naturalmente cumpriram o papel de fixar e divulgar o Choro e suas nuances.

                                Banda Militar em fins do século XIX
Benedicto, adolescente, passou a tomar lições com o renomado "chorão" Belarmino de Souza e a prestar muita atenção naquelas reuniões em que a música era o prato principal e o Choro o tempero mais servido. Estudando com um verdadeiro mestre, Benedicto descobria aos poucos que seu talento era único e incentivado pelo professor e por todos que o ouviam estudava cada vez mais com muito afinco e grande paixão. Começava a nascer para o mundo da música o flautista Benedicto Lacerda.

terça-feira, 9 de março de 2010

Tudo sobre Benedicto Lacerda e afins...

Abrirei a partir de hoje uma série que pretende dar uma panorâmica geral sobre a história de Benedicto Lacerda e sua presença na música, na era de ouro do rádio no brasil, na história do Choro, do Carnaval, do Samba, sua relação com Macaé, sua cidade natal. Postarei aqui todo material que tenho digitalizado e disponibilizarei com o intuito de que sejam copiados, divulgados, repassados, republicados... Muita gente tem se arvorado a falar de Benedicto, sua atuação, sua música e sinto que chegou a hora de dar meu relato. Afinal venho me dedicando a juntar esse quebra cabeça a mais de uma década. Agradeço muito a força que recebo de muitos musicos, estudantes, familiares e aficcionados por Benedicto. Oduvaldo Lacerda, Ondina Lacerda, Benedicto Lacerda netto, Adriano Lacerda, Marcia Mendes Lacerda, Mestre Caçula, Dr. Raposo, Professor Ricardo Meirelles, Pai, Mãe, amigos, amigas e companheiros de trabalho e criação da USINA de Fomento Cultural, Kuika, Mariza, Jamil, Paulo, Flavia, Matheus, Lellis, Agnes, parceiros do Convention Bireau, Navega, Alexandre, Thaís, da ACIM, Cecilia, Merrel, as meninas, Maria Luiza da Sociedade Musical macaense, meus irmão do Coletivo Só Pra Moer, Luís Felipe, Jansen, Helinho, Samuel, Bruno. Aos que passaram pelo grupo, Thaís Macedo e Paulinho athaíde. Agradeço por demais todo ensinamento que tive vivendo, estudando e tocando com Mauricio Carrilho, Anna Paes, Luciana Rabello, Pedro Messina, João dedão, Julião, Guilherme do cavaco, Zé Rangel, Osvaldinho do Pandeiro,Pedro Amorim, Jorginho e Celsinho Silva, Pedro e Paulo Aragão, Rui Alvim, Cristóvão Bastos, Camunguelo(In memoria), Álvaro e Altamiro Carrilho, Karin, Carol, Felipe, tanta gente boa que me ensinou tanto. As poucas mas eternas aulas que tive com Dino 7 cordas na Casa Oliveira na rua da Carioca. Os encontros com Jorginho do Pandeiro em sua casa na Ribeira. Tantas rodas de choro e samba, no Candongueiro, Lavradio 100, Casa da Cachaça na Lapa, Santa Tereza, Sobrenatural, Bip Bip, Bico da coruja, Festivais nacionais de Choro, ... tantas rodas, e mais recentemente a Roda Rio de Choro em Rio das Ostras. APRENDO SEMPRE, O QUE É BOM E DEVO FAZER, E, PRINCIPALMENTE, O QUE NÃO DEVO FAZER.
  Então Amigos a partir de hoje diariamente a qualquer momento postarei tudo que me é possível de Benedicto Lacerda.

sexta-feira, 5 de março de 2010

5 de março - Dia da Musica e Aniversário de VILLA-LOBOS

   Heitor Villa-lobos nasceu no Rio de Janeiro, no bairro das Laranjeiras, no dia 5 de março de 1887, sendo filho do professor Raul Villa-Lobos (O sobrenome, parece certo, é do espanhol, Villalobos; a forma com hífen revela um esforço de aportuguesamento, razão que justifica também a grafiaVila Lobos) e de Noêmia Villa-Lobos, filha do compositor Santos Monteiro.
   Aos 6 anos começou a estudar violoncelo, orientado pelo pai, muito severo nessa questão. Aos 10 anos de idade iniciou a série de viagens que se sucederiam, quase sem interrupção, por toda vida.

Certidão de Batismo de Villa-Lobos

Em 1905, com o dinheiro que lhe rendeu a venda de livros raros, herdados do pai, Villa-Lobos percorreu as capitais e o interior dos estados do Espirito Santo, Bahia e Pernambuco. E o seu espirito maravilhado voltou possuido de motivações sertanejas, folclóricas e africanas. A viola, o frevo, o maracatu, apresença do Choro em áreas tão longínquas e outras motivações musicais do nosso interior muito o impressionaram.


                                    Carteira do Sindicato


    A primeira audição de uma obra musical de Villa-Lobos data de 1908, em Paranaguá.
   O poeta C. Paula Barros discorre sobre o físico do maestro e dá outras informações: "De estatura acima da média, desempenado, voz firme e sonora, desinibido, extrovertido, dentes fortes e intactos, olhar penetrante, jogada para trás a cabeleira revolta que a idade foi desbastando com entradas na fronte, o charutão obrigatório..."




quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Que outros já o fizeram eu bem sei. Mas eu também hei de cantá-la!

LAPA - Lapa do amanhecer tão bonito. Em nenhum outro lugar uma Rua da Aurora seria tão bem posta. Lapa do burburinho, é aqui qua a "coisa" borbulha. Lapa do mendigo podre e da madame cheirosa. Cubículos tão singulares que nem cabe porta. A Lapa é romântica com seu bondinho a atravessar o aqueduto. Mas é também belicosa com seu exército de passa-pra-trás. 7 horas da manhã, briga na rua, o furdúncio anuncia: Lá vem confusão brava. De um momento pro outro todos da birosca tão saindo no tapa. Briga feia. São putas, playboys, motoristas de táxi, bêbados, dançarinos de forró, garçons, senhoras, pederastas, travestis, traficantes, dono do bar. Até que chega o que faltava pra completar a plêiade ... a polícia.
 Lapa é isso aí, e muito mais. Passa meia hora e a cidade já impõe suas buzinas e tráfegos.  Agora é outra Lapa, que rala, rala mas não se machuca á toa. Lapa guerreira. Que atende a todo centro da cidade. Um bando de garças passa nop céu e lá vem os primeiros pingos de chuva. Pronto, taí a Lapa primaveril da cachoeira lá de casa. Lapa quanto "elan"!





Concisão e eficácia: LEIAM.

"LIVROS NÃO MUDAM O MUNDO. LIVROS MUDAM AS PESSOAS. O QUE MUDA O MUNDO SÃO AS PESSOAS"   Mario Quintana

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

RODA RIO DE CHORO em Rio das Ostras

O choro nosso de cada dia...





“O choro resistiu a epidemias, pragas, duas guerras mundiais, golpes militares, desprezo de todos os governos, pouco caso das gravadoras, resiste ao massacrante processo de idiotização musical imposto pela globalização do lixo cultural internacional, e vai resistir a tudo. O seu desenvolvimento é permanente e independente de valores impostos. o choro tem seus próprios parâmetros. Quem o conhece na intimidade não se impressiona com vanguardismos pueris e nem se sente pressionado por uma suposta necessidade de adaptação ao som da moda.”(Mauricio Carrilho)

Temos espaços abertos em todos os lugares, basta querermos, o choro e a música brasileira tem esse poder. Temos o dever de propagar a nossa genuína cultura. “Isso verdadeiramente é manifestação da arte”, disse uma amiga que presenciou a roda rio de choro, ficamos gratos pela presença de todos. esse programa resgata a essência da musicalidade brasileira. O objetivo desse manifesto é simples: Difundir e promover o choro na nossa Rio das Ostras e região.



Roda de samba e choro é uma manifestação cultural brasileira que nos possibilita aprender e ensinar. Na roda, temos total liberdade, podemos arriscar umas notas, jogar fora outras. Podemos até mesmo errar. a roda fomenta desafios, provoca situações engraçadas, improvisos, variações e claro, muita diversão.



O lugar escolhido foi pela beleza que ele nos proporciona, com a visão do maravilhoso mar, e sempre iluminado pelo pôr do sol refletido nas águas que beijam a orla.


                                                                                                                      Roda do dia 7 de fevereiro de 2010

                                                                                        
Agora... só falta a sua visita na roda rio de choro...

(Zé Gotinha)





Aos músicos de samba, choro, bossa nova, mÚsica brasileira... Venha participar com seus instrumentos... Essa integração é fundamental para difusão da roda.



A próxima roda é dia 21 de fevereiro a partir das 17 horas no quiosque de dona Maria na Praça São Pedro na praia do centro.

                                     Fim de tarde mais recente e samba rolando solto na Roda
                                                    - dia 7 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Casa da Cachaça, nossa casa... Uma história da Lapa

 Fui morar na Lapa em 2002, ali na Av. Gomes Freire 788 - 910, Edificio Gomes Freire. Bem no ponto pra Santa Tereza. Porém frequento aquele quadrilátero desde 1998. Fui algumas vezes na roda do Lavradio 100 ás quartas feiras, lá que conheci Paulão 7 cordas, Camunguelo, Galloti, Luis Felipe, Walter Alfaiate, Ronaldo, Wilson Moreira, A tuirma do Dobrando a esquina, Rubinho Jacobina, Moacir Luz... Estudei nos primeiros anos da Oficina de Choro na UFRJ com Mauricio Carrilho, Luciana Rabello, Pedro Amorim, Jorginho do Pandeiro, Altamiro Carrilho, Álvaro Carrilho, Celsinho, Rui Alvim, Paulo e Pedro Aragão ... Conheci e toquei no finalzinho do Arco da Velha, embaixo dos arcos. Vi o Semente abrir, o Carioca da gema, o renascer do Clube dos Democráticos, vi o carnaval de rua esquentar e melhorar a cada ano, Fui nas rodas que sempre rolavam no Sobrenatural, Frequentei muito a roda de terça-feira do Bip Bip, só não peguei o tempo de Mandrake em botafogo, mas vi toda transformação da Lapa no que ela é hoje.
             Agora nada me foi tão fascinante como conhecer "Seu Osvaldo" e sua Casa da Cachaça.
 Foi um achado. Um delírio. Uma fantasia. A Casa da Cachaça é a primeira vendinha do centro do Rio de Janeiro a usar esse nome e ter uma dedicação tão nobre. Vender cachaça Boa. É um buraquinho na Mem de sá, escondido ali no Largo do Bonde(hoje chamado Praça João Pessoa, fica entre a Mem de Sá e a AV. Gomes Freire). Ponto famoso por ser ponto final de bondes esse espaço tem mil histórias que aos poucos vou contar aqui. Agora a descoberta daquele Oásis Mineiro ali embaixo de casa mudou tudo. Foi um aprendizado, um sorver de conhecimentos, de estórias causos e muita cana, lógico. Foram muitas provas, muitas manhãs, tardes e noites aprendendo com o povo da "Casa".



Abril de 2010 - 2 anos do Coletivo Só Pra Moer

 O Coletivo Só Pra Moer desde sua criação trabalha incasávelmente para divulgar o Choro e todo repertório brasileiro com seus compositores, danças formadoras, estórias e história.
 Sem preconceito algum, durante esta curta mas significativa trajetória tocamos e contamos essa história em Teatros, Feiras, Igrejas, Festivais de Verão, Festivais Culturais, Semana Médica, Restaurantes, Coretos, butiquins, Radios, Tv's, Universidades, na praia, na Praça, aniversários, festas/confraternização, escolas, festas santas, reuniões familiares, shoppings... Temos sempre a alegria imensa de ver as crianças da mais tenra idade totalmente rendidas ao Choro, vidradas, apaixonadas ao ponto de carregarem, puxarem pelos braços seus pais pra vim ver de perto que som é aquele que aqueles meninos tão fazendo. Não há alegria maior que ver um bebê que nem sabe ficar de pé direito e quando se equilibra já balança com a Polca ou o Maxixe.
                                                                                          


 

FOTOS PELA ORDEM: Apresentação na Associação médica de Macaé em fins de 2008; Noite de Choro e Samba na Casa da Praia em inicio de 2009; Teatro Municipal de Macaé Abertura do concerto de 135 anos da Nova Aurora (Julho de 2008); Fest verão Macaé 2009; Detalhe de bebê atento na Roda Rio de Choro; Fest verão cultural - Lagoa de 'mboá ssica carnaval 2009; Roda Rio de Choro a beira Mar em RDO e Coletivo Só Pra Moer na Chopperia Papo Furado no Plaza Shopping Macaé

Nesses dois anos incompletos tivemos parceiros que vieram e foram, companheiros de sonho e som como Paulinho Athaíde que foi fisgado por Nilze Carvalho e foi na onda. Thaís Macedo que está cada vez mais solo e tá voando bonito por aí. Temos Adelson que não sabe se vem ou se fica. e agora temos o mais novo integrante: Bruno Py(Baixo e Contrabaixo).

    
Formação completa mais recente tocando em Agosto de 2009 na Universidade Pública em Macaé:
Bruno Py, Jansen, Rubinho,
Samuel Daher, Zé Gotinha e Helinho.

Estamos num momento de gestação de novos projetos e queremos por na rua alguma coisa agora em abril de 2010. Aguardem. Vem coisa boa aí.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Coletivo Só Pra Moer

Em fins de abril de 2008, como diz o guru, "o milagre do metabólico sensorial" fez reunir 6 musicos em torno de um repertório belíssimo de composições de Mauricio Carrilho, Pixinguinha, Benedicto Lacerda, Jacob do Bandolim, Ernesto Nazareth, Anacleto, Mesquita, Callado, Viriato... Flauta, Sax-alto, Trombone, Violão, Pandeiro e Cavaquinho. Éramos Eu(Rubinho) no violão, Luis Felipe(Zé Gotinha) na Flauta, Helio Rodrigues(Helinho) no Trombone, Samuel Daher(Samuca) no Sax-alto, Jansen Queiroz no Pandeiro e Voz e Paulinho Athaíde no Cavaco. Firmamos o grupo, criamos o Coletivo Só Pra Moer.

Coletivo porque? Bem "coletivo" é simplesmente um termo que significa a união de individuos de uma mesma espécie em torno de um mesmo objetivo.
E tem mais, sermos um "coletivo" abre um campo pra nós infindável. Podemos trabalhar com diferentes formações, com todos elementos do coletivo ou não, podemos trabalhar a expressão solo de cada membro do coletivo acompanhado pelo coletivo e com a força de todos, podemos atuar como um coletivo de produção, um coletivo de criação de trilha musical pra teatro, cinema... Podemos e devemos tanta coisa que 24 horas tá sendo pouco por dia.

Explicado o porquê do termo "Coletivo". Agora vamos ao Só Pra Moer.  

Quando nos reunimos o repertório de polcas e maxixes logo se evidenciou e começamos a discutir um nome que tivesse intimamente ligado a nossa região, ao choro, a tudo que estávamos começando a fazer juntos. Foi aí que propus fazermos uma homenagem a Viriato, o flautista considerado um dos pais do Choro no Brasil.




Viriato nasceu em Macaé em 1851. Filho de pais escravos, da primeira geração que nasceu sob a lei do ventre livre.  Tornou-se flautista e marcou o século XIX na Imperial cidade do Rio de Janeiro. Um virtuose, Compositor inspirado, amado pela massa, criador de "choratas" célebres com Callado, Chiquinha, Juca Valle, Mesquita... E Viriato tem uma polca que é considerada uma das musicas mais belas do repertório do choro, a primeira polca em tom menor da história do gênero. O nome dela? Só Para Moer. Então fomos atrás de uns manuscritos que tenho copiado do acervo fabuloso de Mauricio Carrilho e Anna Paes e achamos o manuscrito com o titulo "Só Pra Moer". Podia ser até uma daquelas cópias que o copista não prestou bem atenção ao título e tascou a parceria. Erro mesmo, como tem valsas grafadas em manuscritos muito antigos como: Valça. Mas gostamos demais da expressão "Só Pra Moer".

      

    
Assim nasceu o COLETIVO SÓ PRA MOER. União de talentos, homenagem e profundo respeito a Viriato, preocupação com nossa memória regional e muita vontade de fazer a diferença.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Finalizando o inicio dessa história ...

A Roda Rio de Choro e Samba reuni em sua volta uma turma que estava orfã de uma atividade gostosa como essa na beira de uma praia linda, á sombra d'uma amendoeira, com espaço de sobra pra se movimentar, dançar, andar de skate, pra criançada correr, com musicas belissimas e que moram em nossa alma, e mais, tudo isso na rua, ou melhor na praça, a céu aberto, livre e franco. É o momento que nós musicos temos pra colocar o milagre do metabólico sensorial pra fora totalmente desnudo "in loco" que é como a gente quer, sente e acha mais bonito. Apesar de termos conseguido, e muito, fazer esse "streap-tease da nossa alma musical" com muito sucesso em todos os palcos por aí!!! Inclusive vamos preparar uma apresentação especial pro teatro que será outro ambiente que passaremos a habitar mais. 

Primeira Roda Rio de Choro - 05 de abril de 2009


Recebemos muitas visitas de figuras folclóricas, musicos renomados, poetas, gente de todo canto do mundo!!! Lembro-me do negão pagodeiro que pegou o microfone e fez maior farofa, do gaitista bebado, dos desafinados, brigando pelo microfone, de muitos talentos envergonhados e outros já nem tanto. Visitas de Benzê, os meninos do palafita que assim como banana e Robert apareceram só uma vez. O Sanfoneira da "Hóstia sagrada". Sei dizer pra vocês que tá uma delícia. Convido a todos!!! A próxima é dia 7 de fevereiro ás 17 horas.


Fim de tarde, musica, dança, paquera e visual


Rubinho e Zé Gotinha

         
Thaís, Jansen e Roda